quarta-feira, 10 de julho de 2013

Inversão de sentido

Queria organizar meu pensamento e só depois escrever um texto. Um texto desses cheio de sentido e significados. Com início, meio e fim. Colocar os pingos nos "is" certos e pausar a frase no momento da vírgula.

Queria poder fazer sentido, mas no momento não fazer sentido é o que corresponde à verdade desse texto.

Gostaria de esperar para construir um bom parágrafo, mas a angústia não me deixa. Tudo vem à boca no momento de calar. Então os dedos transbordam tudo aquilo que ressecaria. Aquilo que é feio e amargo. Confuso, mas também mostra a clareza dos fatos. Tudo que estava na minha frente e eu insistia em desviar.

Sabe, o acúmulo tem dessas coisas. Uma hora transborda. E aí transborda tudo! A paciência, a compreensão e os olhos, que são a gota d'água. E quando tudo isso resseca, só resta a confiança desconstruída.

A desconfiança.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Touch me



Eu me desapego do meu corpo. Agora não há nada meu e nem seu. Tudo é da dança. Dou o primeiro passo e meu corpo responde. O coração acompanha a batida e a música me leva. Ele encosta em meu corpo e agora somos um só. Um só corpo, um só ritmo, um só desejo. O salão está vazio. Eu ouço sua respiração de perto. O suor escorre mas não sinto calor, somente a música. Rodopio e volto para os seus braços em segurança. Ele precisa ser firme, pois sabe que eu tentarei conduzir. Estou exausta, mas não o suficiente para desistir. Nada acontece lá fora. A vida está nesse salão. A vida está voltando para mim. Sinto tudo isso enquanto ele me curva para trás de maneira repentina e eu retorno lentamente mantendo o contato visual. Basta um leve toque para que eu perceba a qual direção me conduz. Não uso mais sapatos, tornaram- se a extensão dos meu pés. Notas musicais transformam passos em arte, braços em acabamento, mãos em bússolas que me conduzem por todo salão em meio a outras artes móveis. Isso é a dança. É a tentativa de tradução de algo que somente sentido pode ser entendido.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Eu finjo ter paciência

Tudo está em espera.
Tudo levita enquanto eu procuro um chão.

Não sei até quando este que estou confiando meus pés ainda estará aqui, no entanto desconheço o próximo passo.

Tudo foi feito, mas a espera sempre consome.
Tudo parece flutuar ao seu redor enquanto você espera.

A gota da chuva leva 3 segundos a mais para tocar minha pele. Tudo isso enquanto eu espero.

Perguntas sem respostas, borboletas no estômago, datas sem limite, distância que encobre. E eu ainda espero.

Uma ligação, uma encomenda, um e-mail, um convite, um sms, uma in box, a campainha. E nada se move.

A água do arroz seca, o fruto apodrece, a Terra termina sua volta em torno do Sol e é só o começo da espera.
Sem certezas, sem escolha, sem saída. Eu apenas espero.

E é isso que me sopra a vida.