terça-feira, 18 de dezembro de 2012

30 minutos para o fim de tudo

Você tem 30 minutos. Sim, isso mesmo. 30 minutos antes do fim de tudo você foi informada do evento. O que fazer?

Escolher uma bela roupa é uma opção. Ninguém quer que tudo se acabe antes de usar o belo vestido virgem, pendurado no seu guarda roupa, à espera daquele convite especial.

Gastar o crédito que te resta no celular ligando para um desconhecido para contar tudo o que nunca teve coragem nem mesmo de dizer para si em voz alta. Também é uma alternativa.

Fazer tirolesa nos cabos do bondinho do Pão de Açúcar. Mostre que venceu o sedentarismo no final.

Ligar para seu pai e dizer que o perdoa pelos 28 anos de ausência. Dizer que o ama e o aceita do jeito que é. Contar-lhe que o som de sua risada é tão bom quanto estrogonofe de camarão com batata palha finíssima!

Pentear os cabelos da sua mãe enquanto diz o quanto a admira por ser tão forte e por ter feito de você grande parte do que é hoje. Agradecer pelos brinquedos da infância dela, guardados com tanto carinho à espera de sua chegada. Dizer que ela faz o melhor brigadeiro do mundo e, depois de um leve beijo, dizer que a ama.

Sugiro que use aquele patins que comprou. Afinal, foi com esse objetivo que se empenhou tanto na jornada à procura do patins perfeito.

Você pode voltar a ter o cabelo vermelho. Hoje em dia as tinturas são mais rápidas. Pode ser que dê tempo.

Acho que deveria atualizar aquele blog falecido. Nunca se sabe se essas informações permanecerão nessa tal de nuvem depois do fim de tudo. Pode ser que sobrem essas "nuvens" e as baratas, somente.

Seria uma ótima oportunidade de dizer para Tati Bernardi o quanto a admira. Fazer isso antes de morrer pode causar alívio. Cuidado, a angústia pode te fazer falta.

Sabe aquela "amiga" recalcada que vive te podando? Pode ser a hora dela saber o que você sente quando ela é inconveniente com suas já conhecidas perguntas, também inconvenientes, feitas em público.

Tem também aquele sujeito cheio de predicados que você é louca para praticar uma ação, mas não acredita em seu potencial o suficiente, no seu Sex Appeal . Vai lá, boba! Você tem meia hora até que o mundo se exploda.

Grite na sacada da sua varanda. Seus vizinhos mal escutam o "bom dia" que você raramente dá. Demonstre que você tem pulmões e garganta adestrados. Ou seja, sabe alterar seu volume vocal evitando, assim, falar como se a vida fosse um constante bar da esquina.

Pule da Pedra da Baleia. O máximo que pode acontecer é você antecipar o evento em 30 minutos.

Conecte o seu Skype. Faça a tão esperada ligação.- "Hej!", você dirá.  Mesmo que tudo se acabe, tem coisas que parecem perdurar até depois do fim.

Salte de cabeça na piscina. Você consegue. Medo, nesse momento, já não faz mais sentido.

Pensando melhor... Pensando com todos os meus botões, vai que esse mundo não acaba de novo? Teima em ficar inteiro mais uma vez. Não seria a primeira vez. E você é certinha de mais, metódica de mais para aguentar as consequências de atos tão espontâneos. Para suportar a frustração da espera do fim de tudo e ele não chegar.

Espere o fim de tudo assistindo aos vídeos da Porta dos Fundos. Se tudo der certo, terminará fazendo o que gosta, caso contrário, só terá que esperar a próxima atualização do site, levando sua vida pacata e sem emoção.

domingo, 14 de outubro de 2012

Não mais que uma vez

Uma vez você esteve por aqui.
Uma vez você foi embora.
Uma vez senti seu cheiro nos lençois.
Uma vez coloquei no seu canal preferido.
Uma vez vi o seu reflexo no meu espelho.
Uma vez deixei sua escova de dentes guardada.
Uma vez a joguei no lixo.
Uma vez vi sua sombra no box enquanto me banhava.
Uma vez senti sua falta na cama enquanto eu dormia.
Uma vez fechei a porta do meu quarto.
Uma vez percebi que você não retornaria.
Mas foi só uma vez...

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Um dia...


Um dia mandarei você embora. Lhe direi meias verdades para que elas o confundam. Direi que o problema é comigo. E realmente é. Farei você acreditar que não é para mim. Que somos diferentes demais e que jamais daria certo.
Um dia argumentarei que não estava preparada para tal relacionamento e que tudo isso ficou muito maior que eu. Direi barbaridades sobre mim e isso o deixará em dúvida. Sou boa com argumentos, principalmente quando tenho medo.
Um dia pedirei que não volte mais. Direi que tudo foi uma grande ilusão, mas acabou. Tentarei convence-lo de todas as formas de que eu jamais o faria feliz. Farei você repensar sobre um futuro a dois. Farei você implorar por uma explicação sobre tudo aquilo. Farei você me odiar por mais de um segundo.

Mas o que você precisa saber é que eu farei tudo isso por puro e simples medo. Medo de que um dia você descubra que sou uma farsa. Medo de que um dia você me diga "tchau" - e isso vai doer. Medo de que você enjoe dos meus beijos em suas costas pela manhã. Medo de que meu perfume se torne insuportável para você.  Medo de ter você em meus braços para o resto da vida. E, principalmente, medo de que você me faça feliz para sempre.
A escolha de acreditar em meus argumentos será sua. A decisão de me deixar acreditar que eu estava certa também.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A multiplicação da poça d'água

Cheguei em casa na terça à noite e achei bem estranha a presença de uma pequena poça d'água em baixo da minha mesinha de madeira. Confesso ter me causado um certo alívio o fato dela não estar em baixo do meu xodó: o armário de madeira - defendido no texto Cinematograficamente encharcada. Estava tão cansada que pouco me importei. Fui agir a vida. Comer e dormir, minha meta de vida naquele momento.

Pela manhã ela continuava ali me olhando. Tateei a mesa, verifiquei os panos próximos à janela e nada. Concluí, então, que alguém poderia ter lavado o corredor do prédio e deixado um considerável volume de água passar por debaixo da minha porta. Resmunguei algo baixinho e fui trabalhar. Choveu muito na terça feira. O dia todo.

Entrei em casa e percebi que a poça não havia se mancado e secado sozinha! A desaforada ainda estava a minha espera! (E a chuva não parava.) Comecei a notar que ela havia se multiplicado. Das duas uma: ou era um milagre ou vazamento. Queria tanto que fosse Jesus agindo.

Resolvi dar mais atenção para aquela, antes inofensiva, e fui seguindo seu rastro. Não vem do chão, não vem de qualquer garrafa de água rompida, não vem do meu armário - Graças!!. Opa! Bem que minha mãe dizia que quem procura acha. Acha confusão, problemas, uma cascata descendo do teto, passando pela tomada e inundando sua sala sem qualquer previsão de ser contida.

Abro a porta desesperada e já com o rodo na mão. Nenhuma previsão de melhora. A água também estava escorrendo pela parede do corredor. Meu pensamento foi levado a todos os prédios do Rio que caíram nos últimos tempos. O teto estava preto, encharcado pela chuva que não dava trégua.

Ligo para minha mãe para avisar? Tenho algo de valor para retirar do prédio? Não, minha câmera está em Niterói e a TV não é LED, LCD já é coisa do passado. Sobrevivo a uma queda do segundo andar? O cara sobreviveu no elevador. E tantos que sobreviveram ao 11 de setembro. Aqui não tem elevador. Mas tudo vai dar certo ao menos que uma viga me acerte. Aí seria muita falta de sorte ou a minha hora mesmo.

O proprietário chega. Ele usava calça jeans e camiseta regata. Naquele frio?! Já é péssimo em dias de sol com todos aquele pelos saindo pela camiseta. Ele sobe até o telhado e constata que a culpa é toda dele, que resolveu economizar e mexer em algo no teto sem repor as telhas no lugar corretamente.

Senti vontade de falar alguns palavrões que estavam entalados, mandar que ele limpasse toda a minha casa incluindo o banheiro, pular em seu pescoço e apertar até cansar minha mão, mas o calo causado pelo rodo doía e tirou minha atenção.

Finalmente chega alguém que entende de telha trepada e "resolve" o problema. "Não vai entrar mais água no teto. As telhas já estão no lugar. Mas esta aí vai continuara escorrendo até secar o que entrou." - comunicou o proprietário com voz de alívio. Alívio para ele que não teve que passar o resto da noite puxando água e rezando para a incontinência da parede parar.


domingo, 15 de abril de 2012

Fantasia no meu mundo real


Era 2008. Eu apenas tinha um amor no meu imaginário. Uma saudade virtual. Um compromisso utópico. E isso me deixava em uma zona de conforto. Eu ainda era firme e decidida. Dizia "tchau" sem medo de que ele não me ligasse mais.


Eu comecei a me preparar 15 dias antes dele chegar. Tudo deveria sair conforme o meu roteiro, pois é como eu sei trabalhar. Ele aceitou todas as minhas condições impostas. No fundo eu rezava para que ele discordasse, me dissesse não. Às vezes preciso disso. De alguém que interaja com minhas fantasias para me mostrar que isso é real.

No dia em que ele chegou eu convidei uma amiga para me acompanhar. Afinal, o que eu tinha que pudesse provar que aquele era realmente ele? Uma voz e algumas poucas fotos levemente desfocadas. Até havia algumas mais nítidas, nas quais ele estava lindíssimo, mas passara alguns anos que foram tiradas.

E eu também precisava de alguém que me servisse de testemunha. Alguém que interagisse com minha imaginação que teimava em me tirar o foco.

Cheguei absurdamente atrasada em nosso primeiro encontro. Segundo o porteiro do prédio, ele havia me esperado até aquele momento, de pé, em frente ao prédio. Prédio estranho - foi a primeira coisa que pensei. E já torcia para que tivesse algo errado, assim eu não precisaria viver. Já teria sido feliz na minha imaginação.

O porteiro interfona e aquele segundos de espera me matavam lentamente. Ele pede para que eu suba. Jamais, - eu penso - o que que ele está pensando que eu sou. E antes que eu pudesse dar alguma resposta mal criada pela minha mente, meu coração pulou na frente e cheio de gentileza respondeu: poderia pedir para que ele me encontrasse aqui, por favor? Ufa! Meu coração certamente sofreria sanções depois deste gesto repentino e espontâneo, mas terá valido a pena.

Enquanto aguardava o elevador, minha respiração sumiu e meus sentidos foram com ela. Eu já não ouvia e nem falava mais. A Nana disse algo que jamais saberei o que é. E enquanto escrevo esse texto, minhas mãos suam relembrando a angústia do meu corpo naquele momento infinito.

E sem que eu pudesse evitar, a porta do elevador antigo daquele prédio estranho no coração de Copacabana se abre. E quando ele me olha, sinto um vento carregando minha alma. Ela havia me deixado. O meu mundo de fantasia já não tinha mais roteiro após o diretor gritar "ação".

Tudo aconteceu em câmera lenta e eu consigo me lembrar de um momento em que a Nana me cutucou e disse "respira, amiga!". Eu havia esquecido. Só sabia respirar no meu mundo construído. E naquele momento eu fui obrigada a rasgar o roteiro e viver de improviso.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Cinematograficamente encharcada



Era só mais um daqueles dias em que as únicas três coisas que você deseja são: banho, comer e dormir. Foi quase isso.

Na volta do inglês, passei no mercado para comprar um complemento para a janta. Fui para casa, tomei um bom banho, vesti algo confortável - na verdade, qualquer coisa é mais confortável que uma calça jeans - e fui cuidar da minha janta.

Coloquei para esquentar no microondas a comida que estava na geladeira, preparada pela minha mãe. Tudo certo, comida no prato faltando apenas o talher. Ah, o talher...

Termino de lavar o garfo com aquela fome de doer e quando fecho a torneira, a tragédia começa. Aposto que a maioria aqui já assistiu em algum filme ou novela uma cena muito comum na arte, mas nem tão comum assim no cotidiano.

Subitamente, recebo um jato de água gelada na cara, enquanto fechava a torneira. Não conseguia nem mesmo me perceber naquele momento. A torneira estava na minha mão!

Agora, analise minha condição: sozinha em casa, longe do telefone, água sendo lançada na minha sala, molhando móveis e com grande probabilidade de inundar a casa inteira. Sem falar que, quem eu chamaria? Nem mesmo conhecia um vizinho.

Fiquei tapando aquele cano com as mãos por aproximadamente 10 minutos - apesar de ter me parecido 1h.
Resolvi começar a resolver. O plano era tentar limitar o jato de água, pois impedir-lo por completo só mesmo fechando o registro. Esse era mais uma fase do joguinho. O registro ficava perto do teto, ou seja, eu ainda teria que subir na cadeira para fechá-lo.

Então tive uma ideia. Se eu colocasse uma colher de pau enrolada num Perfex para conter o volume de água, tudo estaria resolvido. Mas não foi o suficiente. Não segurou. E cada falha minha, de brinde eu levava um jato de água fria.

Respirei fundo, coloquei a colher de pau enrolada no Perfex e o galão de água para segurar. Escorregou. Rapidamente peguei uma concha de feijão que estava no escorredor para dar mais superfície ao cabo da colher de pau. E quando soltei a engenhoca, o líquido não oferecia mais perigo ao meu armário de madeira, que era a minha maior preocupação naquele momento.

Peguei a cadeira, fechei o infinito registro que nunca terminava de roscar. Ufa! E sem me descabelar com o que tinha virado a minha casa, troquei minha roupa, peguei meu prato, liguei a TV e fui jantar. Água seca com vento, minha fome só comida para sarar.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

BBB e todo esse blá, blá, blá...



Opinião é algo legal, pois cada um pode ter a sua.  O mais importante é sempre haver respeito. Com a Internet facilitada, a opinião passou a ser algo muito compartilhado através das redes sociais e nem sempre ela é respeitada nesse meio. Além de ser confundida, muitas vezes, com falta de respeito.

Com toda essa onda de BBB (Big Brother Brazil) invadindo as redes sociais temos um belo exemplo. Eu tenho percebido que no meu feed aparecem mais posts de protesto contra BBB e seus telespectadores do que comentários sobre o programa feitos por aqueles que gostam. Desde o ano passado, quando o programa nem havia começado, meu FB foi invadido por protestos gratuitos, visto que, o programa ainda nem estava no ar.

Olha, não sou nenhuma intelectual ou filosofa, mas também não sou uma ameba! E a revelação que tenho a fazer é que eu assisto, acompanho e se precisar até voto no BBB. Sim, eu gosto de Big Brother Brazil e isso não muda minha vida em nada! Pode ser que eu perca alguns amigos agora (rs), mas ainda sou a mesma pessoa. Leio livros, vou ao cinema, teatro, gosto de fotografia e amo música. Ainda sou formada em Relações Públicas pela UERJ e não consigo passar de fase no jogo do Mário (Nintendo).

Você pode sim dizer o que quer, mas existem maneiras de se expressar sem agredir ao próximo. Com o argumento de dizer a verdade você não tem o direito de ser cruel. Porém, esta atitude tem sido cada vem mais espalhada na internet. As pessoas acreditam que este é um espaço livre onde tudo pode ser dito sem maiores conseqüências.


Mas isto está errado e precisa ser mudado. A internet é uma importante ferramenta de comunicação que, quando bem usada, traz benefícios excelentes para a população. É um excelente meio de informação e para mobilizações. Assim como a Internet, use bem a sua opinião para que ela seja uma arma do bem.