domingo, 20 de abril de 2014

Sim ou nunca mais?

De repente minha garganta ganhou um nó. Sabia que esse dia chegaria, mas nunca o desejei. Saber que outra carrega um anel no dedo entregue por você não me deixa com raiva. Isso me deixa amarga. Você foi o que de mais doce passou pela minha vida. Saber que está se preparando para um altar com alguém que não sou eu me deixa apática.

Eu não sabia que ainda doía. Descobri isso da pior maneira. Descobri vendo seu sorriso ao lado dela. Descobri no cuidado que tem por outra, nas fotografias que registram sua felicidade sem mim. Não pensei que seria feliz sem mim. Isso faz doer.

Queria prometer que esse será seu último texto nesse blog, mas não posso garantir. Você ainda arde, ainda queima, ainda machuca. Me prende num talvez, pelo não que nunca foi dito. Pelo adeus que faltou. Estou paralisada esperando um nunca mais.

Ainda grito tanto por você dentro de mim que não ouço outros chamados. Não ouço meus conselhos, outras angústias, minha carência. Você me administra à distância, mesmo sem saber. Seria mesmo amor ou possessividade? Não me interessa saber. Isso não mudaria nada. Continuarei achando que mereço mais o seu amor do que ela...

Suécia, eu te odeio!

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Inversão de sentido

Queria organizar meu pensamento e só depois escrever um texto. Um texto desses cheio de sentido e significados. Com início, meio e fim. Colocar os pingos nos "is" certos e pausar a frase no momento da vírgula.

Queria poder fazer sentido, mas no momento não fazer sentido é o que corresponde à verdade desse texto.

Gostaria de esperar para construir um bom parágrafo, mas a angústia não me deixa. Tudo vem à boca no momento de calar. Então os dedos transbordam tudo aquilo que ressecaria. Aquilo que é feio e amargo. Confuso, mas também mostra a clareza dos fatos. Tudo que estava na minha frente e eu insistia em desviar.

Sabe, o acúmulo tem dessas coisas. Uma hora transborda. E aí transborda tudo! A paciência, a compreensão e os olhos, que são a gota d'água. E quando tudo isso resseca, só resta a confiança desconstruída.

A desconfiança.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Touch me



Eu me desapego do meu corpo. Agora não há nada meu e nem seu. Tudo é da dança. Dou o primeiro passo e meu corpo responde. O coração acompanha a batida e a música me leva. Ele encosta em meu corpo e agora somos um só. Um só corpo, um só ritmo, um só desejo. O salão está vazio. Eu ouço sua respiração de perto. O suor escorre mas não sinto calor, somente a música. Rodopio e volto para os seus braços em segurança. Ele precisa ser firme, pois sabe que eu tentarei conduzir. Estou exausta, mas não o suficiente para desistir. Nada acontece lá fora. A vida está nesse salão. A vida está voltando para mim. Sinto tudo isso enquanto ele me curva para trás de maneira repentina e eu retorno lentamente mantendo o contato visual. Basta um leve toque para que eu perceba a qual direção me conduz. Não uso mais sapatos, tornaram- se a extensão dos meu pés. Notas musicais transformam passos em arte, braços em acabamento, mãos em bússolas que me conduzem por todo salão em meio a outras artes móveis. Isso é a dança. É a tentativa de tradução de algo que somente sentido pode ser entendido.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Eu finjo ter paciência

Tudo está em espera.
Tudo levita enquanto eu procuro um chão.

Não sei até quando este que estou confiando meus pés ainda estará aqui, no entanto desconheço o próximo passo.

Tudo foi feito, mas a espera sempre consome.
Tudo parece flutuar ao seu redor enquanto você espera.

A gota da chuva leva 3 segundos a mais para tocar minha pele. Tudo isso enquanto eu espero.

Perguntas sem respostas, borboletas no estômago, datas sem limite, distância que encobre. E eu ainda espero.

Uma ligação, uma encomenda, um e-mail, um convite, um sms, uma in box, a campainha. E nada se move.

A água do arroz seca, o fruto apodrece, a Terra termina sua volta em torno do Sol e é só o começo da espera.
Sem certezas, sem escolha, sem saída. Eu apenas espero.

E é isso que me sopra a vida.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

30 minutos para o fim de tudo

Você tem 30 minutos. Sim, isso mesmo. 30 minutos antes do fim de tudo você foi informada do evento. O que fazer?

Escolher uma bela roupa é uma opção. Ninguém quer que tudo se acabe antes de usar o belo vestido virgem, pendurado no seu guarda roupa, à espera daquele convite especial.

Gastar o crédito que te resta no celular ligando para um desconhecido para contar tudo o que nunca teve coragem nem mesmo de dizer para si em voz alta. Também é uma alternativa.

Fazer tirolesa nos cabos do bondinho do Pão de Açúcar. Mostre que venceu o sedentarismo no final.

Ligar para seu pai e dizer que o perdoa pelos 28 anos de ausência. Dizer que o ama e o aceita do jeito que é. Contar-lhe que o som de sua risada é tão bom quanto estrogonofe de camarão com batata palha finíssima!

Pentear os cabelos da sua mãe enquanto diz o quanto a admira por ser tão forte e por ter feito de você grande parte do que é hoje. Agradecer pelos brinquedos da infância dela, guardados com tanto carinho à espera de sua chegada. Dizer que ela faz o melhor brigadeiro do mundo e, depois de um leve beijo, dizer que a ama.

Sugiro que use aquele patins que comprou. Afinal, foi com esse objetivo que se empenhou tanto na jornada à procura do patins perfeito.

Você pode voltar a ter o cabelo vermelho. Hoje em dia as tinturas são mais rápidas. Pode ser que dê tempo.

Acho que deveria atualizar aquele blog falecido. Nunca se sabe se essas informações permanecerão nessa tal de nuvem depois do fim de tudo. Pode ser que sobrem essas "nuvens" e as baratas, somente.

Seria uma ótima oportunidade de dizer para Tati Bernardi o quanto a admira. Fazer isso antes de morrer pode causar alívio. Cuidado, a angústia pode te fazer falta.

Sabe aquela "amiga" recalcada que vive te podando? Pode ser a hora dela saber o que você sente quando ela é inconveniente com suas já conhecidas perguntas, também inconvenientes, feitas em público.

Tem também aquele sujeito cheio de predicados que você é louca para praticar uma ação, mas não acredita em seu potencial o suficiente, no seu Sex Appeal . Vai lá, boba! Você tem meia hora até que o mundo se exploda.

Grite na sacada da sua varanda. Seus vizinhos mal escutam o "bom dia" que você raramente dá. Demonstre que você tem pulmões e garganta adestrados. Ou seja, sabe alterar seu volume vocal evitando, assim, falar como se a vida fosse um constante bar da esquina.

Pule da Pedra da Baleia. O máximo que pode acontecer é você antecipar o evento em 30 minutos.

Conecte o seu Skype. Faça a tão esperada ligação.- "Hej!", você dirá.  Mesmo que tudo se acabe, tem coisas que parecem perdurar até depois do fim.

Salte de cabeça na piscina. Você consegue. Medo, nesse momento, já não faz mais sentido.

Pensando melhor... Pensando com todos os meus botões, vai que esse mundo não acaba de novo? Teima em ficar inteiro mais uma vez. Não seria a primeira vez. E você é certinha de mais, metódica de mais para aguentar as consequências de atos tão espontâneos. Para suportar a frustração da espera do fim de tudo e ele não chegar.

Espere o fim de tudo assistindo aos vídeos da Porta dos Fundos. Se tudo der certo, terminará fazendo o que gosta, caso contrário, só terá que esperar a próxima atualização do site, levando sua vida pacata e sem emoção.

domingo, 14 de outubro de 2012

Não mais que uma vez

Uma vez você esteve por aqui.
Uma vez você foi embora.
Uma vez senti seu cheiro nos lençois.
Uma vez coloquei no seu canal preferido.
Uma vez vi o seu reflexo no meu espelho.
Uma vez deixei sua escova de dentes guardada.
Uma vez a joguei no lixo.
Uma vez vi sua sombra no box enquanto me banhava.
Uma vez senti sua falta na cama enquanto eu dormia.
Uma vez fechei a porta do meu quarto.
Uma vez percebi que você não retornaria.
Mas foi só uma vez...

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Um dia...


Um dia mandarei você embora. Lhe direi meias verdades para que elas o confundam. Direi que o problema é comigo. E realmente é. Farei você acreditar que não é para mim. Que somos diferentes demais e que jamais daria certo.
Um dia argumentarei que não estava preparada para tal relacionamento e que tudo isso ficou muito maior que eu. Direi barbaridades sobre mim e isso o deixará em dúvida. Sou boa com argumentos, principalmente quando tenho medo.
Um dia pedirei que não volte mais. Direi que tudo foi uma grande ilusão, mas acabou. Tentarei convence-lo de todas as formas de que eu jamais o faria feliz. Farei você repensar sobre um futuro a dois. Farei você implorar por uma explicação sobre tudo aquilo. Farei você me odiar por mais de um segundo.

Mas o que você precisa saber é que eu farei tudo isso por puro e simples medo. Medo de que um dia você descubra que sou uma farsa. Medo de que um dia você me diga "tchau" - e isso vai doer. Medo de que você enjoe dos meus beijos em suas costas pela manhã. Medo de que meu perfume se torne insuportável para você.  Medo de ter você em meus braços para o resto da vida. E, principalmente, medo de que você me faça feliz para sempre.
A escolha de acreditar em meus argumentos será sua. A decisão de me deixar acreditar que eu estava certa também.